Cigarro é rotina para 1 em cada 10 grávidas
Levantamento da Secretaria aponta que pelo menos uma mulher fumante dá a luz por dia em maternidade estadual da zona sul
Uma mulher fumante dá à luz por dia, em média, em uma das maiores maternidades públicas de São Paulo. É o que aponta levantamento da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo na maternidade estadual Interlagos, zona sul da capital paulista.
Entre fevereiro e novembro deste ano, 436 gestantes que fumavam tiveram seus filhos na unidade, o que representa quase 10% do total de partos realizados lá no mesmo período. Isto significa que praticamente 1 em cada 10 pacientes em trabalho de parto atendida pela unidade manteve o hábito de fumar mesmo durante a gravidez.
Segundo Rita de Cássia Silva Calabresi, diretora clínica da maternidade estadual, o cigarro traz riscos tanto a saúde da grávida quanto do bebê. Para a futura mamãe, o fumo diminui a capacidade pulmonar, que na gestação já é limitada pelo crescimento da barriga. Já a criança pode sofrer com baixo peso e prematuridade.
“A nicotina é passa pela placenta, criando placas que dificultam a troca de nutrientes entre mãe e filho”, explica Rita de Cássia. A especialista ainda alerta quanto ao uso contínuo e excessivo durante as 12 primeiras semanas de gravidez: “O tabagismo nesse período pode também provocar a malformação do feto”.
A médica explica, ainda, que a transmissão de partículas de nicotina durante a gravidez pode também diminuir os reflexos respiratórios do recém-nascido, o que agrava o risco de infecções respiratórias e potencializa a probabilidade de morte súbita.
A especialista também alerta que, na literatura médica, o cigarro está relacionado ao desenvolvimento de outros problemas de saúde infantil, como doenças cardíacas, respiratórias e até o autismo. Também há pesquisa produzida por centro de pesquisa holandesa que mostra que o tabagismo durante a gestação está diretamente ligado à ocorrência de depressão, ansiedade e agressividade em crianças.
“Vale ressaltar que o tabagismo também deve ser descartado durante o período de amamentação, uma vez que 1% de tudo que é consumido pela mãe é transmitido pelo leite, incluindo a nicotina”, afirma Rita de Cássia.
Além de orientar as mães durante atendimento, em busca de provocar uma mudança de hábito, a maternidade estadual Interlagos vem firmando parcerias com grupos de apoio, ligados às unidades básicas de saúde da região, a fim de oferecer a mãe que tem alta do hospital o suporte necessário para combater o vício.
Fonte: Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo