Exposição de arte contemporânea explora os conceitos de “Aparição” e “Fantasmagoria” no Sesc Vila Mariana
Curadoria da coletiva “O que caminha ao lado” exibe 14 obras que dialogam
com o conceito de “Aparição” e “Fantasmagoria” incitando um questionamento
acerca da percepção que temos sobre as coisas. Abertura no dia 26/8, quarta, às 19h
O Sesc Vila Mariana exibe, de 26 de agosto a 02 de novembro de 2015, a mostra coletiva “O que caminha ao lado”, organizada pela curadora Isabella Rjeille. A exposição apresenta 14 obras, entre elas vídeos, instalações, objetos, projeção de slides e fotografias de artistas contemporâneos que dialogam com condições e efeitos da duplicidade, permanente ou momentânea, ao criarem estados de estranhamento e desconforto em seus observadores.
Apoiando-se no conceito do “Doppelgänger”, figura mitológica capaz de criar o duplo de si mesmo, a curadoria de Isabella cria possibilidades duplas de leituras e interpretações das obras de Ana Luiza Dias Batista, Daniel Steegmann Mangrané, Daniel Jablonski, Pedro França, Denise Alves-Rodrigues, Deyson Gilbert, Fabio Morais, Flora Leite, João Loureiro, Luísa Nóbrega, Maura Grimaldi, Pilvi Takala, Sergio Bonilha, Luciana Ohira e Vivian Caccuri, que realiza performance no dia da abertura (26).
“O conceito de aparição está no centro desta exposição e demarca o ponto de virada em que as categorias pelas quais separamos o mundo se desfazem (...). A ideia de duplo aparece enquanto elemento e estratégia de estranhamento que atravessa as obras e é amplificado por elas, reverberando por outros universos e discussões, a fim de propor um avesso de suas narrativas usuais”, escreve a curadora no catálogo da mostra.
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A obra "Migalhas" (2014), de Ana Luiza Dias Batista, revela e dissimula sua natureza em um movimento contínuo: trata-se de dois conjuntos de poliuretano feitos a partir de um molde dos restos de alimento: qual é o original e qual é a cópia? O vídeo "Phasmides" (2008-13), de Daniel Steegman Mangrané é uma sequência de planos de pequenos cenários compostos por formas orgânicas e geométricas em que um grupo de bichos-pau se movimenta lentamente.
"Radioconcha" (2015) é o nome do misterioso aparelho desenvolvido por Denise Alves-Rodrigues e Luísa Nóbrega a partir das experiências com o "Eletronic Voice Phenomena" ou EVP – escuta de vozes misteriosas a partir de gravações do rádio – na construção de aparelhos para tradução de fenômenos inexplicáveis. "Vai dormir, margarete" e "Eu sou um sinal" são vídeos que partiram da pesquisa que Luísa Nóbrega desenvolveu com o EVP na Casa do Sol, onde morava a escritora Hilda Hilst, conhecida por suas experiências com o sobrenatural. Já em "Transpasso#3" (2008), a tecnologia é vista de forma a criar uma experiência sobrenatural. Os artistas Sergio Bonilha & Luciana Ohira em parceria com Taygoara Schiavinoto desenvolveram um objeto para ser instalado em um lugar de passagem. Esta máquina coleciona sons de passantes e os devolve no mesmo lugar em que foram coletados, porém em outro momento.
A questão das imagens em relação ao efeito “duplo”, portanto, inquietante, é discutida na instalação "Sem Título" (2001), de Maura Grimaldi. A partir de uma fotografia de um espelho que não reflete, a artista busca explorar a capacidade da fotografia que não revela imagens – traindo a expectativa relacionada tanto à projeção, quanto à narrativa da imagem – e que não dá o reflexo do fotógrafo. O artista Fabio Morais exibe "Rosto" (2009), obra composta de uma bola de acrílico e um holograma que acabam por frustar a expectativa de reflexão, fazendo com que a relação entre figura e fundo se torne difusa. João Loureiro, por sua vez, apresenta a instalação "Cabeça" (2014), em que funde as imagens de cara e coroa de uma moeda, fazendo-a girar incessantemente sobre uma mesa.
Questões que se relacionam à história da arte, como a negação de um “imitar o mundo” pela arte abstrata, aparecem no objeto "Fantasma" (2014) de Flora Leite, que faz um comentário ao pesado legado do concretismo na história da arte brasileira, apropriando-se, porém, do desenho das linhas do jogo japonês Tangram numa placa de granito semelhante ao piso do espaço expositivo. Pedro França e Daniel Jablonski apresentam a fotografia "Um objeto da natureza" (2008-9), em que tomam emprestadas algumas das operações da pintura abstrata, reanimando a cena doméstica de um episódio da história da arte: a invenção do Suprematismo pelo artista russo Kazimir Maliévitch.
A cultura de massa também é vista de forma crítica através da criação de padrões. A aparição de um duplo enquanto gêmeo do mal aparece no trabalho da finlandesa Pilvi Takala "A verdadeira Branca de Neve" (2009). Neste vídeo, a estrutura por trás da fantasia desmorona quando uma Branca de Neve "falsa" é impedida de entrar na Disney pelos guardas.
Na instalação "Indexação (vapor de água benta/ vapor água comum)" (2010), Deyson Gilbert submete um mesmo elemento a um mecanismo de transformação simbólica que o faz assumir estados distintos, assumindo significados distintos.
Já em "Todos os pontos" (2014-15), instalação de Daniel Jablonski, o artista realiza uma cartografia ideológica da cidade de São Paulo e Rio de Janeiro a partir de um percurso sugerido pelo guia Michelin. Nesta cartografia, o artista refaz os passos de outra pessoa, revelando padrões culturais que constroem uma idéia de uma espaço “familiar” e “aconchegante” em meio a uma cidade estranha. O artista aponta para os pilares de interesse que sustentam tais padrões: o turismo de luxo, o acesso exclusivo via carro, a alta gastronomia, e etc. Por fim, a performance "Dissimulado" (2009), da artista Vivian Caccuri desconstrói e reconstrói elementos e frases de canções de Bossa Nova, virando do avesso nossa familiaridade com o ritmo e o idioma.
Serviço:
Exposição: “O que caminha ao lado”, coletiva com curadoria de Isabella Rjeille
Abertura: 26/08, quarta-feira, 19h
Período expositivo: de 27/08 a 02/11
Horários de visitação: terça a sexta, das 10h às 21h30; sábados, das 10h às 20h30; domingos e feriados, das 10h às 18h30.
Local: Hall dos Elevadores (Térreo) e Atrium
Classificação indicativa: Livre
Grátis
Horário de funcionamento da unidade: Terça a sexta, das 7h às 21h30; sábado, das 9h às 21h; e domingo e feriado, das 9h às 18h30.
Estacionamento: R$ 3 a primeira hora + R$ 1 a hora adicional (Credencial Plena: trabalhador no comércio de bens, serviços e turismo matriculado no Sesc e dependentes). R$ 6 a primeira hora + R$ 2 a hora adicional (outros). 200 vagas.
Sesc Vila Mariana
Rua Pelotas, 141, São Paulo -SP
Informações: 5080-3000
sescsp.org.br
Facebook, Twitter e Instagram: /sescvilamariana
Fonte: Assessoria de Imprensa Sesc Vila Mariana