MANIFESTO 
Escolas particulares se unem em prol 
de sobreviverem após a pandemia


Mantenedores de unidades de ensino básico ao médio pedem socorro para não 
quebrarem com a inadimplência e falta de recursos para folha de pagamento

Não é novidade que a pandemia afetou todos os setores da economia, sobretudo prestadores de serviço, que ficaram de mãos atadas e sem recursos para aguentarem e manter seus empreendimentos por meses fechados e sem entrada de recursos financeiros.

A área educacional é uma delas e mesmo que muitas escolas tenham tentado se reinventar com aulas à distância e seus professores dobrarem a carga horária para dar conta de aplicativos e gravações de vídeos, muitas unidades do setor privado correm riscos reais de terem de fechar suas as portas.

Os motivos estão ligados direta e indiretamente à pandemia, que afetou muitos pais com a diminuição de suas rendas e ou com a perda de seus empregos. Infelizmente este cenário é comum aqui em São Paulo e em outros Estados. Porém, os mantenedores de instituições de ensino básico a médio se uniram para pedir ajuda aos Governos e também aos pais que podem pagar e por seus motivos particulares não os fazem.

“As escolas possuem despesas que precisam ser honradas, especialmente para com seus professores, cuja dedicação está muito acima do que normalmente fariam em suas aulas presenciais. Somos uma cadeia de profissionais que sofrem desde o início da pandemia com a inadimplência e falta de reconhecimento de alguns setores da economia e da sociedade”, comenta Vânia Lira, diretora e mantenedora da rede de Colégios Branca Alves de Lima – Bal, em São Paulo.

Ela comenta ainda que os custos para se manter uma escola ativa, além de ter professores qualificados, há custos de água, luz, aluguel, equipamentos e ferramentas tecnológicas para tornar possível a transmissão e acesso dos alunos ao conteúdo e, infelizmente, tudo isso não está sendo coberto com os ganhos atuais.

“Muitos pais nos questionam sobre a qualidade, conteúdo e aplicação dos estudos à distância e, como resposta, mostramos todo o investimento empregado que justifica a continuidade dos pagamentos das mensalidades, com descontos das aulas extras e outros itens que deixaram de ser oferecidos. Nossos alunos, estão com suporte e acompanhamento pedagógico desde a primeira semana de paralisação. Eles não tiveram férias e nossos professores aprenderam a fazer vídeos, oferecer aulas on line ao vivo, tudo para não pararmos o ano letivo”, enfatiza Vânia Lira.

E mesmo com tantas inovações e investimentos que ninguém (escolas e pais) esperavam ter a necessidade em pleno ano de 2020, existem os dados alarmantes de perda de emprego de muitos pais que, para evitar problemas financeiros futuros, optaram por retirar seus filhos abruptamente da escola e migrar para o ensino público.

Quando uma escola recebe a notícia de que um de seus alunos terá de sair, é como uma dor no coração, a perda de um membro da família, segundo alguns mantenedores de escolas. Eles enfatizam que não podem fazer mais do que já proporcionaram, pois também não possuem recursos para manter bolsistas em suas unidades e seus professores também possuem contas e pagamentos para horarem. “Sentimos muito por ver alunos saindo das unidades e sabemos que faremos falta para cada um deles, pois não lidamos com números, mas pessoas, crianças que vimos crescer a partir dos quatro meses de idade. Para nós, é muito triste e por isso decidimos nos unir para pedir ajuda aos Governos e aos pais que são conscientes de todo o nosso trabalho realizado”, finaliza Vânia Lira.


União das escolas em prol da sobrevivência pós pandemia de Covid-19
Diante da Pandemia, alguns mantenedores de escolas particulares – do ensino básico ao médio –, que conseguiram alguma margem financeira para trabalhar, procuraram ajudar os pais mais necessitados com o objetivo de evitar a evasão ou inadimplência em grande escala. Porém, não são todas as instituições que puderam arcar com estes custos, o que vem se tornando uma bola de neve e está prestes a eclodir em um muro de burocracia e esquecimento para com o setor educacional.

“Sem margem financeira, com a inadimplência dos pais e sem apoio de crédito do Governo, muitos colégios estão na condição de, infelizmente, ter de encerrar suas atividades. E qual será o futuro das crianças atendidas? Como vamos fazer para suprir esta lacuna?”, indaga Vânia Lira, diretora e mantenedora do Colégio Branca Alves de Lima – BAL.


Pensando nisso, as escolas decidiram se unir criando um projeto intitulado de “União pelas Escolas Particulares de Pequeno e Médio Porte”. O propósito desse projeto é engajar e unir esforços para defender os legítimos interesses das escolas particulares. É uma forma de mostrar a toda a população que a escola é uma empresa que gera empregos e que está exercendo o seu trabalho da melhor forma, com todos os seus custos anteriores e novos.

É importante e necessário dizer que as escolas não tiveram seus custos reduzidos, pelo contrário, aumentaram mais, especialmente por terem de investir em novas ferramentas e tecnologia para suprir as necessidades de pais, alunos, professores e funcionários de diversas esferas.

O Colégio Branca Alves de Lima - BAL, por exemplo, para manter a qualidade do ensino ofertado, fez a aquisição de uma plataforma educacional com o objetivo de tornar as aulas remotas mais próximas da realidade presencial. E desde o início, na primeira semana de paralisação decorrente aos cuidados para evitar o contágio da Covid-19, a escola procura alternativas para não deixar seus alunos e pais desamparados, mantendo a mesma condição educacional.

Não fosse apenas este detalhe, a escola, também, percebeu a necessidade de proporcionar ajuda de custo aos professores para aquisição de internet de qualidade e com capacidade superior para que eles possam desenvolver suas atividades home office (à distância) na mesma proporção do ensino presencial. Ainda, a muitos custos, está fazendo todo o possível para manter o quadro de funcionários.


“Todos os dias temos muitos desafios para superar! E, quando pensamos no retorno provável dos alunos ao ambiente escolar, programado inicialmente para setembro, nós do Colégio BAL, já estamos desenvolvendo um Protocolo de Retorno, com indicação de todos os cuidados e ajustes que que pais, alunos, transportes escolares e funcionários possam realizá-los e garantir a segurança de todos.

E para colocar este protocolo de segurança em prática, as escolas estão com programações de treinamentos (com divisões de equipes, evitando aglomerações) para seus funcionários e, ainda, webinários (treinamento online) para todos os pais e alunos.

“Quando os alunos retornarem, as escolas estarão equipadas com termômetros, tapetes sanitizantes, máscaras, totens com álcool em gel, marcações para distanciamento, acrílicos de proteção e outros itens que possam garantir o distanciamento necessário e a segurança de saúde à todos”, comenta Vânia Lira.

Desta maneira, é possível perceber que tanto o Colégio BAL como outras instituições de ensino básico ao médio envolvidos no projeto intitulado de “União pelas Escolas Particulares de Pequeno e Médio Porte”, precisam de ajuda imediata. “Além de não termos suporte do Governo, lidar com a inadimplência e incertezas financeiras, temos de providenciar toda a estrutura de segurança para estar apto a receber seus nossos alunos, pois eles dependem de nós para terem um futuro melhor”.

Mesmo com o retorno das aulas presenciais ainda não determinadas para os próximos meses, que dependem da liberação do Ministério da Saúde, os colégios, sobretudo o BAL, realizou uma pesquisa de campo juntos aos pais e responsáveis para saber a opinião deles sobre a volta ou não das aulas físicas em suas unidades. “O resultado é surpreendente, pois cerca de 70% dos pais não se sentem seguros em enviar seus filhos para as escolas até o final do ano, mesmo que estejam devidamente seguras para recebê-los”, comenta Vânia Lira.

Diante deste cenário e com o dilema de falta de recursos para manter as instituições de ensino de portas fechadas e ou garantir a segurança de alunos, pais, professores e funcionários, as escolas se unem e pedem ajuda para terem voz diante de um abismo sem precedentes.

Revolução dentro das escolas para ofertar o melhor possível aos seus alunos:

Desde o início da Pandemia, as escolas de todas as faixas etárias, precisaram se reinventar e se organizar para dar continuidade da melhor forma possível ao ano letivo de 2020, atendendo as necessidades dos alunos, pais e das próprias instituições.

Toda esta organização não foi e não está sendo fácil, uma vez que é preciso levar em consideração a estrutura do colégio, a condição de internet de pais e professores, a disposição de dispositivos diversos, a adequação de tempo para conciliar o trabalho home office com a educação dos filhos, além das incertezas financeiras que muitos pais sofreram com redução salarial ou até a sua demissão.

Um fator importante para ser ressaltado e enfatizado é que um dos alicerces das escolas são os docentes e para que continuem trabalhando e atendendo as necessidades e expectativas das famílias, precisam também ter os seus empregos garantidos.

Além da folha de pagamento, muitas escolas atuam em prédios alugados, possuem contratos com empresas que prestam serviço e não puderam ser totalmente cancelados ou congelados, além das despesas básicas que devem ser mantidas. “As contas continuam chegando, temos equipes dentro das escolas trabalhando para o administrativo funcionar e atender aos pais que precisam de ajuda, bem como negociar dívidas, da mesma maneira em que há necessidade de manter ativo e mil por cento a equipe pedagógica e prestadores de serviços. Por isso e por muitos outros motivos precisamos de ajuda, de voz para sermos vistos!”, clama Vânia Lira.

E, partindo destas necessidades, muitas perguntas ficam sem respostas, no vácuo: Como manter a escola ativa se os pais estão enfrentando dificuldades financeiras e como consequência alguns acabam se tornando inadimplentes?

Infelizmente, esta pergunta só poderá ser respondida quando de fato as escolas tiverem ajuda dos Governos e a conscientização de pais que podem pagar e que não o fazem por diversos motivos. “Não queremos parar nossas atividades. No Brasil, quem atua na área de educação a faz por amor e vocação. Não enriquecemos e tão pouco cobramos além do que é justo ou praticável pela qualidade. Precisamos de ajuda e para ontem. Do contrário, tememos pelo futuro de nossos alunos e de nossos profissionais. Para todas as profissões, existe a necessidade do aprendizado e este tem como base e alicerce fundamental o ensino básico, fundamental e médio”, finaliza Vânia Lira.
Texto:
 Carina Gonçalves – jornalista (MTB: 48326)
e Miriam Sepulvida – MKT Colégio Bal