Quando o sofrimento traz à tona sua maior beleza
*Por Renata Vasconcelos
Era um ano bom em minha vida. O futuro estava presente em minha mente e no meu coração todos os dias; me sentia cheia de vida e com vontade de viver coisas novas. Na agenda, os compromissos só aumentavam e era para ser um tempo perfeito!
Mas, em questão de segundos, minha vida parou e mudou pra valer: descobri um câncer de mama Estava viajando e resolvi fazer o auto exame, dali em diante o controle que pensava ter deu lugar a incertezas e fui levada pela vida a experimentar na prática o discurso do abandono em Deus.
Quando falo : “levada pela vida”, é porque muitas vezes, quando tudo está indo bem, falamos sobre a fé em Deus e que Ele está conosco. Mas verbalizar esta frase não significa, exatamente, que a estamos vivendo na prática.
Aos 33 anos precisei enfrentar um câncer de mama agressivo; fiz quimioterapia, radioterapia e uso de hercepitin (uma medicação indicada para alguns tipos de câncer de mama).
Às vezes paro para pensar o que foi mais difícil: ver meu esposo sofrer com tudo aquilo, o tratamento ou a incerteza sobre minha vida. De todas as cruzes, “perder o controle” me parece que foi o espinho na carne mais doloroso, pois gostava de pensar sobre o meu ano e planos.
Depois que passei por esta doença, decidi viver somente o hoje! Deixar-me encantar com o pôr-do-sol, amar sem pressa, ficar com a essência de quem passa na minha vida e não ter medo de fazer escolhas que me direcionem para o que vale a pena. Sabe de uma coisa? Louvado Seja Deus pelo que passei!
Percebo que a quimioterapia não matou apenas as células descontroladas no meu organismo, mas exterminou em mim toda necessidade exagerada de controle da vida, além de fazer nascer em mim o desejo de Deus diariamente, continuamente, como se tivesse que me preparar para encontrá-lo a qualquer momento. Sabe de mais uma coisa? A vida ficou mais interessante, pois não tem coisa pior do que dar valor excessivo ao que é efêmero.
Neste outubro rosa, quero me dirigir a você, mulher que pode estar passando por isso. Levante a cabeça, lute e vença em Cristo Jesus!
Faça desta travessia um trampolim para ser mais feliz, mais madura, mais bela, mais mulher. E saiba, você pode sair desta situação muito melhor do que entrou, é uma questão de escolha. Deixar-se vencer pelo desânimo e autopiedade ou lutar segurando nas mãos de Deus, permitindo que o sofrimento traga à tona sua maior beleza.
*Renata Vasconcelos é missionária da Comunidade Canção Nova e jornalista.
Fonte: Fundação João Paulo II / Canção Nova